galeria de arte
A proposta partiu de Dante Ancona Lopez em 1963. Naquele momento, a SAC completava pouco mais de um ano de existência e já alcançara relevância no cenário cultural de São Paulo, graças as suas atividades no Cine Coral e no auditório do Museu de Arte de São Paulo. Ainda que o futuro próximo se mostrasse auspicioso, Dante receava uma eventual estagnação da SAC e, portanto, buscava alternativas para ampliar o escopo de atuação da entidade. Em 18.12.1963, em carta a Antônio Cândido de Melo e Souza, então presidente da Fundação Cinemateca Brasileira, ele propôs uma parceria em torno do projeto da Galeria e explicitou suas expectativas em relação ao empreendimento:
A galeria dará um impulso ao quadro social da Sociedade, que também receberá benefício das vendas de quadros além de prestígio cultural e social. É dessa maneira que a Sociedade pretende aumentar sua receita para cumprir suas finalidades mais efetivamente e em termos mais amplos. Assim sendo, com o funcionamento da galeria, a Sociedade pretende passar a auxiliar mais concretamente a Fundação Cinemateca Brasileira seja no plano da colaboração, seja no terreno financeiro.
Em 14 de agosto de 1964, foi então inaugurada a Galeria de Arte da Sociedade Amigos da Cinemateca, mais conhecida como Galeria SAC. Funcionava no segundo andar do Cine Coral, na rua Sete de Abril. Na direção do espaço estavam Flávio Império (arquiteto, cenógrafo e artista plástico); Walter Zanini (historiador e crítico de arte) e Wesley Duke Lee (artista plástico). A inauguração teve o apoio de outras galerias paulistanas que emprestaram para a solenidade obras de vários artistas, entre eles: Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Marcelo Grassmann, Takashi Fukushima, Carybé e Roger Bissière.
A Galeria SAC funcionou até 1966 e suas realizações eram muito bem avaliadas na imprensa, em especial na coluna do escritor José Geraldo Vieira, no jornal Folha de S. Paulo. Em 1967 foi inaugurado o Belas Artes, novo cinema e nova sede da Sociedade Amigos da Cinemateca. Em seu saguão pretendia-se instalar um novo espaço expositivo, mas a iniciativa não prosperou.
exposições realizadas (1964-1966)
Oito Artistas de Campinas
Exposição coletiva inaugurada em 03 de setembro de 1964, com obras de Enéas Dedecca, Francisco Biojone, Geraldo de Sousa, Geraldo Mayer Jürgensen, Maria Helena Motta Paes, Mário Bueno, Raul Porto e Thomaz Perina.
Oswald de Andrade: Exposição Homenagem Amor Humor
Realizada entre os dias 23 e 31 de outubro de 1964, reunia materiais documentais sobre o escritor modernista. O evento foi produzido por Rudá de Andrade e integrava a Semana Oswald de Andrade, uma programação mais ampla coordenada pelo Conselho Estadual de Cultura de São Paulo, e da qual participaram a SAC, a União Brasileira de Escritores, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, o Clube de Poesia e o PEN Clube Paulista.
Gravuras Populares do Nordeste
Programada de 10 a 14 de dezembro de 1964, apresentou mais de 100 gravuras de artistas populares do nordeste brasileiro, coletadas por Waldemar Herrmann (desenhista e gravador).
Mostra Cartazes Checoslovacos
Foi inaugurada em 25 de junho de 1965 como parte da Semana do Cinema Checoslovaco, realizada pela Sociedade Amigos da Cinemateca no Cine Picolino, em julho do mesmo ano. Sobre a mostra de filmes, Francisco Luiz de Almeida Salles escreveu dois artigos especiais para o Suplemento Literário d’Estado de S. Paulo – Enfim, os checos (03.07.1965) e Ainda, os checos (17.07.1965).
Franz Kafka
Aberta em 10 de março de 1966, a exposição teve o patrocínio do Consulado da Checoslováquia, do Conselho Estadual de Cultura, da União Brasileira de Escritores e da Fundação Cinemateca Brasileira, com curadoria do crítico checo Eduard Goldstucker. O evento ensejou uma edição exclusiva do Suplemento Literário d’O Estado de S. Paulo sobre Kafka, com artigos de Anatol Rosenfeld, Arnaldo Pedroso Horta, Otto Maria Carpeaux, Lygia Fagundes Telles, Sábato Magaldi, Maurice Capovilla, Jacó Guinsbourg, entre outros.